A Dalila é a mais antiga pastelaria de Lamego. Nasceu em 1960. Foram seus fundadores José Maria Pinto e sua esposa Rosa Borges Pinto. Eram já comerciantes, na Rua da Olaria, onde tinham uma confeitaria e charcutaria. Os poucos pastéis vinham da Régua e de Resende, vinham as fatias de pão de ló, que a D. Adozinda trazia numa caixa de latão. Aventuraram-se neste novo negócio, sem dinheiro, sem leasings, sem financiamentos bancários, que há época eram privilégio de quem tinha bens de garantia. Catraio de 10 anos, lembro as peripécias porque a família passou, que mostram como era difícil a vida naqueles idos anos de 1960.
Como equipar o fabrico de uma pastelaria?
Recordemos: o nosso pai, homem de uma visão e inteligência raras, ia ao Porto a uma empresa que a memória me diz ser o Sr. Alfacinha (que já conhecia de outro negócio, o fabrico de colorau), comprou o motor para a batedeira, com gamela e demais peças fabricadas em Lamego, nos artesãos locais. Recordo que laborava bem, mas fazia tanto barulho que os dois funcionários punham tampões nos ouvidos durante os minutos de funcionamento! Só muitos anos depois houve dinheiro para adquirir um equipamento de fábrica, moderno, quase silencioso.
E os equipamentos da pastelaria e esplanada?
O modelo era o mesmo, pois não havia dinheiro para comprar. Havia por detrás da charcutaria da Rua da Olaria um ferreiro, o “Arengueiro”, cujo filho, o "Luís Arengueiro” era um artesão de grande qualidade e era o parceiro do nosso pai nas invenções e criações de maquinaria e equipamentos. Foi ele quem fez as armações de todas as cadeiras e mesas, em ferro, verguinha grossa. Os assentos e costas das cadeiras foram feitos com cordas em sisal, umas antecipação das cadeiras que hoje se vêem em alumínio e plástico, nas esplanadas de muitos cafés.
Foi assim, o nascimento.
Lamego passou a ter pasteis, biscoitos e doçaria diversa, os principais ainda hoje comercializados: os Lamegos, os verdadeiros e únicos, diferentes do que habitualmente se chama Lamegos, que são similares aos de outras localidades, com a designação de feijão ou amêndoa. Os Lamegos da pastelaria Dalila são uma receita única, completamente diferente. Depois, as cavacas/fatias de Resende continuam no nosso portfólio de doçaria, tal como os biscoitos de milho e os de azeite. As cavacas beira-douro são uma referência, pois praticamente não têm açúcar e são de uma suavidade muito apreciada. As broinhas de amêndoa, uma criação da casa, com base na receita tradicional dos lamegos, agora em formato de broinhas, o que facilita a sua conservação por semanas. E, recorde-se, as bôlas, cuja confecção corresponde à receita original que nos foi dada e cuja história se conta na caixa que as embala.
As nossas bôlas são mesmo as originais, e não são qualquer criação dos nossos pasteleiros, que estão obrigados a não utilizar margarinas, óleos, aditivos ou mistura de farinhas corrigidas. O recheio é com produtos de alta qualidade (presunto da região, fiambre da perna, vinha d’alhos do cachaço e perna, bacalhau (nada de paloco) e salpicão do lombo e da caluga. As de sardinha, mesmo sardinha fresca, só por encomenda.
Com a reabertura do antigo café (agora pastelaria), iniciamos o fabrico de miniaturas e bôlos à fatia - de chocolate, de noz, de limão, o de massa folhada e doce de ovos, alternadamente ou por encomenda. Também um serviço de refeições ligeiras, numa sala na cave ou na esplanada (saladas várias, alheira, a broa aloirada em azeite com presunto e ovo estrelado, entre outros).
Também iniciámos o fabrico de pão tradicional, simples de confecção, mas que convém preservar, hoje, no mundo do falso pão, “de boutique ou quentinho”. O nosso pão é feito com massa mãe e com tempo de levedação muito longo, apenas isto, e sem farinhas corrigidas. A broa triga milha, que tem farinha sem mistura de farelo incorporado, o que obriga a adquiri-la numa moagem artesanal, peneirando-a nós, pois as farinhas dos fabricantes têm por regra o farelo incorporado, o que confere um sabor estranho, “ardido”.
O que aqui fica é um mero apontamento da filosofia que preside à nossa gestão, honrando os fundadores, agora com as naturais exigências de ainda maior qualidade e consistência, que os seus herdeiros não prescindem de fazer valer e continuar.
Filhos dos Fundadores | 2ª Geração
Como equipar o fabrico de uma pastelaria?
Recordemos: o nosso pai, homem de uma visão e inteligência raras, ia ao Porto a uma empresa que a memória me diz ser o Sr. Alfacinha (que já conhecia de outro negócio, o fabrico de colorau), comprou o motor para a batedeira, com gamela e demais peças fabricadas em Lamego, nos artesãos locais. Recordo que laborava bem, mas fazia tanto barulho que os dois funcionários punham tampões nos ouvidos durante os minutos de funcionamento! Só muitos anos depois houve dinheiro para adquirir um equipamento de fábrica, moderno, quase silencioso.
E os equipamentos da pastelaria e esplanada?
O modelo era o mesmo, pois não havia dinheiro para comprar. Havia por detrás da charcutaria da Rua da Olaria um ferreiro, o “Arengueiro”, cujo filho, o "Luís Arengueiro” era um artesão de grande qualidade e era o parceiro do nosso pai nas invenções e criações de maquinaria e equipamentos. Foi ele quem fez as armações de todas as cadeiras e mesas, em ferro, verguinha grossa. Os assentos e costas das cadeiras foram feitos com cordas em sisal, umas antecipação das cadeiras que hoje se vêem em alumínio e plástico, nas esplanadas de muitos cafés.
Foi assim, o nascimento.
Lamego passou a ter pasteis, biscoitos e doçaria diversa, os principais ainda hoje comercializados: os Lamegos, os verdadeiros e únicos, diferentes do que habitualmente se chama Lamegos, que são similares aos de outras localidades, com a designação de feijão ou amêndoa. Os Lamegos da pastelaria Dalila são uma receita única, completamente diferente. Depois, as cavacas/fatias de Resende continuam no nosso portfólio de doçaria, tal como os biscoitos de milho e os de azeite. As cavacas beira-douro são uma referência, pois praticamente não têm açúcar e são de uma suavidade muito apreciada. As broinhas de amêndoa, uma criação da casa, com base na receita tradicional dos lamegos, agora em formato de broinhas, o que facilita a sua conservação por semanas. E, recorde-se, as bôlas, cuja confecção corresponde à receita original que nos foi dada e cuja história se conta na caixa que as embala.
As nossas bôlas são mesmo as originais, e não são qualquer criação dos nossos pasteleiros, que estão obrigados a não utilizar margarinas, óleos, aditivos ou mistura de farinhas corrigidas. O recheio é com produtos de alta qualidade (presunto da região, fiambre da perna, vinha d’alhos do cachaço e perna, bacalhau (nada de paloco) e salpicão do lombo e da caluga. As de sardinha, mesmo sardinha fresca, só por encomenda.
Com a reabertura do antigo café (agora pastelaria), iniciamos o fabrico de miniaturas e bôlos à fatia - de chocolate, de noz, de limão, o de massa folhada e doce de ovos, alternadamente ou por encomenda. Também um serviço de refeições ligeiras, numa sala na cave ou na esplanada (saladas várias, alheira, a broa aloirada em azeite com presunto e ovo estrelado, entre outros).
Também iniciámos o fabrico de pão tradicional, simples de confecção, mas que convém preservar, hoje, no mundo do falso pão, “de boutique ou quentinho”. O nosso pão é feito com massa mãe e com tempo de levedação muito longo, apenas isto, e sem farinhas corrigidas. A broa triga milha, que tem farinha sem mistura de farelo incorporado, o que obriga a adquiri-la numa moagem artesanal, peneirando-a nós, pois as farinhas dos fabricantes têm por regra o farelo incorporado, o que confere um sabor estranho, “ardido”.
O que aqui fica é um mero apontamento da filosofia que preside à nossa gestão, honrando os fundadores, agora com as naturais exigências de ainda maior qualidade e consistência, que os seus herdeiros não prescindem de fazer valer e continuar.
Filhos dos Fundadores | 2ª Geração